• segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

O debate sobre o uso de armas não letais pelas forças de segurança ganhou destaque nas últimas semanas, com duas figuras políticas da Paraíba expressando opiniões opostas sobre a proposta do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. A medida, que sugere o uso progressivo da força, prevê que os policiais utilizem inicialmente gás de pimenta e taser antes de recorrerem à arma de fogo em confrontos com criminosos fortemente armados. As reações ao projeto, no entanto, refletem as diferentes perspectivas de grupos políticos sobre a segurança pública no país.

Cabo Gilberto (PL/PB): “Desarmar a Polícia é uma Contradição”

O deputado federal Cabo Gilberto, vice-líder da oposição na Câmara, é um dos maiores críticos à proposta de Lewandowski. Em postagens nas redes sociais, o parlamentar paraibano endossou a crítica do colega Sargento Gonçalves (PL/RN), que também se posicionou contra a sugestão. Gilberto considera que a medida enfraquece a segurança pública e coloca em risco tanto a integridade dos policiais quanto da população.

“É lamentável que, enquanto a sociedade clama por segurança e proteção, o governo federal apresente propostas que só enfraquecem ainda mais a segurança pública. Como o ministro de Lula, Ricardo Lewandowski, pretende combater o crime? Com flores e discursos vazios?”, questionou o deputado.

Para Gilberto, a proposta de armamento não letal não condiz com a realidade do enfrentamento à violência, em um cenário onde o crime organizado continua a se fortalecer e se armar. O deputado destaca que desarmar a polícia em um momento de crescente armamento do tráfico de drogas é uma contradição que comprometeria a eficácia da corporação.

Ele também defende o fortalecimento das forças de segurança com mais recursos, treinamento e armamento adequado, acreditando que é necessário capacitar os policiais para garantir a proteção da população e a desarticulação das facções criminosas.

Jackson Macedo (PT/PB): “Qualificar a Polícia é o Caminho”

Em contraponto, o presidente estadual do PT na Paraíba, Jackson Macedo, manifestou seu apoio à proposta do ministro Lewandowski e criticou as posições adotadas por figuras políticas como Cabo Gilberto. Para Macedo, o debate sobre a segurança pública vai além de armar ou desarmar os policiais, sendo mais relevante focar na qualificação do trabalho policial.

“Acho que o debate não é desarmar a polícia, nem armar a polícia, o debate é qualificar o trabalho da polícia, porque os excessos estão acontecendo de forma permanente, de modo muito especial em São Paulo”, afirmou Macedo.

O líder petista destaca que os policiais nem sempre estão devidamente preparados para lidar com a criminalidade de forma eficiente, o que acaba resultando em excessos e injustiças, como casos de violência contra cidadãos inocentes. Ele argumenta que a prioridade deve ser a qualificação dos profissionais de segurança, para que possam agir com mais eficiência, com menos agressividade e com maior respeito aos direitos humanos.

Além disso, Jackson Macedo enfatiza a importância de utilizar tecnologias, como câmeras de segurança, para registrar e fiscalizar as ações dos policiais. A gravação de abusos cometidos durante operações é uma forma de garantir maior transparência e accountability na atuação da polícia.

“O debate principal nesse momento não é se deve armar a polícia, desarmar a polícia, o debate é você ter uma polícia que seja armada, mas que tenha a qualificação necessária para o seu trabalho no dia a dia”, destacou Macedo.

O Futuro da Segurança Pública no Brasil

Enquanto Cabo Gilberto e Jackson Macedo apresentam visões divergentes, é evidente que o debate sobre o uso de armas não letais pela polícia toca em pontos cruciais da segurança pública no Brasil. De um lado, há aqueles que acreditam que a polícia deve ser fortemente armada e bem equipada para enfrentar o crime organizado, e de outro, aqueles que defendem uma abordagem mais qualificada, com foco na formação e no controle da força utilizada pelos agentes de segurança.

O ministro Lewandowski, com sua proposta, busca estabelecer um modelo de “uso progressivo da força”, onde a aplicação de armas letais só seria o último recurso, após o uso de alternativas menos agressivas. A proposta, ainda em discussão, promete dividir ainda mais as opiniões sobre como equilibrar segurança e direitos humanos em um país marcado pela violência urbana e pelo crescimento do crime organizado.

O debate está longe de ser resolvido, mas é claro que tanto a qualificação dos policiais quanto o armamento adequado são temas essenciais para construir um sistema de segurança pública mais eficiente e menos suscetível a abusos. O futuro da segurança no Brasil dependerá de um equilíbrio entre o fortalecimento das forças policiais e o respeito aos direitos da população.

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