Nesse domingo (27), o cenário eleitoral no Nordeste chamou a atenção da mídia nacional, principalmente em João Pessoa, onde Marcelo Queiroga, ex-ministro e candidato de Jair Bolsonaro na cidade foi derrotado no segundo pelo prefeito Cícero Lucena. A eleição também refletiu um padrão de resultados em que candidatos nordestinos diretamente associados ao bolsonarismo enfrentaram desafios, enquanto outros nomes ligados ao PL, mas de perfil mais moderado, conquistaram capitais da região.
Bolsonarismo em Declínio nas Capitais do Nordeste
Em João Pessoa, a campanha de Queiroga fez questão de enfatizar seu vínculo com Bolsonaro, incluindo visitas do ex-presidente e de Michele Bolsonaro para atos públicos no segundo turno. Mesmo assim, o atual prefeito Cícero Lucena levou a vitória com uma margem expressiva, mantendo-se distante de pautas associadas ao bolsonarismo.
Além de João Pessoa, em Fortaleza, o deputado André Fernandes também tentou se eleger, mas optou por evitar qualquer associação explícita com Bolsonaro, uma estratégia que acabou não sendo suficiente para garantir a vitória.
Vitória Moderada do PL em Outras Capitais
Por outro lado, o Partido Liberal (PL) conseguiu eleger Emília Corrêa em Aracaju, no segundo turno, e João Henrique Caldas (JHC) em Maceió, ainda no primeiro turno. Ambos, porém, mantiveram uma postura moderada e não mencionaram Bolsonaro em suas campanhas, o que, segundo especialistas, foi uma decisão estratégica para atrair um eleitorado mais amplo e garantir apoio em um estado onde o PT historicamente se sobressai.
Análise de Especialistas
A cientista política Luciana Santana, da Universidade Federal de Alagoas e do Observatório das Eleições, ressaltou que os resultados no Nordeste refletem uma resistência da região ao bolsonarismo. Segundo Santana, o ex-presidente não foi decisivo nas vitórias de Aracaju e Maceió, que se deveram mais ao contexto e aos perfis dos candidatos do que ao apoio explícito a Bolsonaro. “Essas eleições demonstram que o bolsonarismo é um movimento conservador que pode existir independente da figura de Bolsonaro, que acaba se apropriando dele mais do que necessariamente o alimentando”, explicou.
Santana também apontou que o Nordeste segue como um território politicamente desafiador para Bolsonaro e o PL, apesar dos esforços em aumentar sua presença na região. O fracasso de candidaturas mais diretamente ligadas a Bolsonaro nas capitais nordestinas confirma, segundo a análise, uma dificuldade do ex-presidente em consolidar um apoio majoritário em uma região historicamente associada ao PT e ao presidente Lula.
Sem Comentários