Após a prefeitura de João Pessoa publicar um novo decreto de enfrentamento à covid-19 e este divergir quanto a rigidez verificada no último decreto estadual, muito se comentou sobre as diferenças entre as regras definidas entre um e outro.
Porém, verdade seja dita, não há como comparar as decisões das duas gestões diante de realidades tão divergentes como as que são registradas na Capital e em outras cidades paraibanas, sobretudo no Sertão, onde a taxa de transmissibilidade da doença é alta, preocupa, faz vítimas e enche hospitais.
Em João Pessoa os números de hospitalizados mostram a razão muito direta para a gestão tratar de maneira diferente o tema. Na capital, de cada 100 internos nas unidades de referência para o tratamento da doença, 52 são residentes de outras cidades. Entre os que precisaram ser atendidos em UTI, o índice sobe para 55% do total.
Não poderia ser diferente haja vista João Pessoa é referência quando se fala em rede hospitalar e recebimento de pacientes vindos de todas as regiões do estado em busca de tratamento. E isso não é de agora, isso não é só na pandemia, pessoas de todo estado procuram e encontram aqui o atendimento necessário seja para qual enfermidade for.
Mais especificamente com relação à covid-19, dados da Secretaria Municipal de Saúde disponíveis na plataforma Painel Covid-19 mostram que o Hospital de Emergência e Trauma da Capital possui o maior índice de ocupação de pessoas residentes em outras cidades: 68,42% no geral e, levando em conta apenas os quadros que precisam de UTI, são 68,4% (13) de não-residentes contra 31,6% (6) de moradores de João Pessoa.
Em seguida, vem o Ortotrauma de Mangabeira, com 66,67% no geral e mesmo índice de UTI. Já o Hospital Metropolitano de Santa Rita, com 64,71% geral, possui 66,7% dos leitos ocupados por pacientes de outras localidades.
Ainda sobre os dados da Gerência de Vigilância Epidemiológica da Capital, o maior percentual de não-residentes são oriundos de cidades da 1ª Macrorregião de Saúde, com 77,45%. Da 2ª Macrorregião são 10,78%; seguido da 4ª Macrorregião com 9,8% e fechando a 3ª Macrorregião com 1,96% dos não-residentes em João Pessoa.
Munidos desses números que demonstram que em João Pessoa o combate à covid deve sim continuar, os cuidados devem sim ser seguidos à risca, porém não há, ao menos por enquanto, necessidade de penalizar ainda mais setores e pessoas que já estão tão penalizados, não há o que discutir. Números sejam avaliados, justiça seja feita, cuidados sejam tomados e decretos sejam respeitados e cumpridos. Só assim não só João Pessoa, mas toda a Paraíba e Brasil ficarão livres desse vírus traiçoeiro que desafia as gestões e a Saúde há tanto tempo.
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