Bom senso. Esse é o princípio primordial que deve reger qualquer relação, seja pessoal ou institucional.
Mas ao que parece, às vezes é necessário que algo ocorra para que decisões tidas como certas, possam ser analisadas de uma melhor forma e caso seja necessário, se dê um passo atrás.
Observando a decisão da Justiça Federal que atendeu parcialmente um pedido feito pelos três ramos do Ministério Público na Paraíba (Federal, do Trabalho e Estadual), e determinou que as vacinas contra a Covid-19 na Paraíba, e consequentemente em João Pessoa, além dos profissionais da linha de frente do combate à covid-19, também contemple a população de idosos, vemos com clareza que a decisão esbarra numa logística que prejudica acima de tudo a PMJP e consequentemente a população pessoense.
O fato é que não há perspectiva de recebimento de vacinas para imunizar toda a população idosa de João Pessoa, nem tampouco uma forma que faça com que a PMJP nem outra gestão do mundo, mesmo sendo obrigada a seguir à risca a determinação, possa comprar mais vacinas.
Na falta de tais fatores determinantes, como proceder? Como a Justiça espera que a gestão imunize neste primeiro momento toda essa parcela da população sem nem sequer ter as vacinas para todos? É pergunta que não quer calar.
Isso então causa uma instabilidade ainda maior neste momento de incertezas e ânimos acirrados. A determinação poderá levar a uma corrida desenfreada aos postos de vacinação, causando aglomerações, dificultando a comunicação entre gestão e população e correndo o risco de trazer danos ainda maiores para aqueles que há cerca de um ano esperam por essas doses de esperança.
A questão da ciência tem que ser observada sim, é fato, mas não só ela. Há que se observar também os meios, a logística, o quantitativo de vacinas para essa população.
Nesse ínterim, a PMJP deverá apresentar tais argumentos à Justiça, que por sua vez também terá que entender e possivelmente recuar de sua determinação, já que será humanamente e logisticamente impossível vacinar todos os idosos da capital com as próximas doses que chegarão à João Pessoa.
É como já pregava René Descartes: “O bom senso é a coisa do mundo melhor partilhada.”
Sem Comentários