• terça-feira, 15 de outubro de 2024

“O Centro de Cidadania LGBT proporcionou uma mudança completa na qualidade da minha saúde e da minha vida. Foi onde tratei minha depressão”. A afirmação é da aposentada Rosemary Gonzaga, catarinense, usuária há três anos do atendimento psicológico da unidade Municipal. O Centro de Cidadania LGBT faz parte de um leque de serviços oferecidos na Coordenadoria Municipal de Promoção à Cidadania LGBT e Igualdade Racial da Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP).

Nos últimos cinco anos, a Coordenadoria LGBT, através do Centro de Cidadania LGBT, localizado no Parque da Lagoa, contabilizou mais de 100 mil atendimentos nas áreas de saúde mental, jurídica, educação antirracista, contra a intolerância religiosa, violência contra a mulher e a LGBTfobia. No Centro de Cidadania LGBT estão inscritas 1.500 pessoas.

O coordenador, Roberto Maia, resume tudo, lembrando que a grande luta da Coordenadoria é pelo fim do preconceito e do racismo. “Nosso cotidiano é ligado estritamente a atividades em prol da igualdade de gênero e diversidade humana, enfim, atividades ligadas à promoção da cidadania da população LGBT e negra”, destaca Roberto.

Com a pandemia do coronavírus, os serviços psicológicos e jurídicos estão sendo realizados de forma online. Também estão sendo distribuídas 80 alimentações por dia, 40 no almoço e 40 à noite, no próprio Centro, à população LGBT em situação de vulnerabilidade social.

Ampliação – O serviço de atendimento psicológico e psicoterapia foi ampliado em março deste ano, com a contratação de mais 23 estagiários, alunos de Psicologia Clínica das Universidades Maurício de Nassau, Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e da Faculdade Internacional da Paraíba. Mensalmente, o serviço atende cerca de 400 usuários. “Com a admissão de mais estagiários, garantimos mais atendimentos e evitamos a fila de espera”, comenta o coordenador.

Rosemary Gonzaga, que antes morava em Florianópolis, abandonou tudo e veio para João Pessoa arriscar uma relação amorosa e tentar se colocar no mundo do trabalho. Embora tenha tido sorte no lado amoroso, teve dificuldades de conseguir um emprego. Com o insucesso neste lado, comprometimentos na saúde e elevação nas dificuldades de sobrevivência, resultou uma forte depressão.

Buscou ajuda e recebeu na Casa de Acolhida, em Jaguaribe. Foi lá que foi apresentada ao Centro LGBT. “No Centro, a minha sorte mudou. Consegui minha aposentadoria por problema de saúde. Há três anos, faço meu tratamento psicológico e participo de tudo que é organizado lá, sempre com muito esforço e carinho da equipe”, elogia. Hoje, reside no Valentina de Figueiredo, com a companheira.

Avanços – Roberto Maia diz que a luta dele, juntamente com a equipe, é ampliar os serviços em benefício das pessoas. O coordenador remete à criação do Centro de Cidadania, em 2016, a implantação das políticas públicas destinadas a essa população. “Através da Coordenadoria LGBT e Igualdade Racial, conseguimos fazer política pública para esses públicos. Conseguimos a política pública do acompanhamento psicológico, jurídico, social, as feiras de empregabilidade e de serviços para população LGBT+”.

Ele lembra que o Centro de Cidadania LGBT de João Pessoa é referência hoje para outras capitais, a exemplo de Natal/RN, onde foi condecorado com Menção Honrosa, pela prefeitura potiguar, em setembro de 2019.

Saúde – Na área de saúde, Roberto Maia destaca as ações nas Unidades de Saúde da Família (USF). Foram criadas as unidades de referência, que receberam o Selo Unidade Amiga LGBT+. Há também uma parceria com o Unipê para a realização de serviços odontológicos, no projeto “Riso Trans”.

Educação – Tem sido realizado nas escolas um trabalho educativo de palestras sobre os temas de racismo, intolerância religiosa, violência contra a mulher, diversidade sexual e gênero. As oficinas são dirigidas aos alunos do 8º e 9º anos, nas 95 escolas municipais de João Pessoa. Os temas também são trabalhados nas universidades, algumas escolas estaduais e privadas, Centros de Juventude e Centros de Cidadania (CRCs). Os eventos atingiam uma média de 400 alunos ao mês, totalizando 5 mil por ano.

Igualdade racial – Com relação à igualdade racial, foram realizadas ações sociais e de lazer, com shows e oficinas, obedecendo um calendário temático, com ações de acordo com as datas específicas. Foram utilizados locais específicos, a exemplo da Casa da Pólvora, Parque da Lagoa, Comunidades Quilombolas, em Mangabeira e outros locais.

Roberto Maia afirma que, para ter o sucesso nas ações, foram firmadas várias parcerias com instituições governamentais e privadas, a exemplo da Universidade Federal da Paraíba, Maurício de Nassau, Unipê, Faculdade Internacional da Paraíba, além da intersetorialidade das Secretarias Municipais da Educação, Saúde, Desenvolvimento Social, Políticas Públicas para Mulheres e Funjope.

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